O Porto do Itaqui foi o único no país a movimentar soja e milho acima do seu potencial em 2020, segundo mapa logístico da exportação de grãos, divulgado no início da semana, pela Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil – CNA (link abaixo). Com potencial para 12 milhões de toneladas de soja e milho, o porto público do Maranhão fechou o ano com 12,1 milhões de toneladas de grãos movimentadas.
O Porto de Santarém, com 7 milhões de toneladas de grãos movimentadas no ano passado, atingiu a sua capacidade e os demais portos tiveram resultados inferiores à marca potencial.
“Esse resultado consolida a liderança do Porto do Itaqui no Arco Norte e a sua importância no mapa logístico da produção e escoamento de grãos no país. Um resultado que é fruto de um trabalho que vem sendo desenvolvido desde 2015 pelo Governo do Maranhão na construção de um modelo de governança gerador de desenvolvimento para o Maranhão e região por meio do porto público”, afirmou o presidente do Porto do Itaqui, Ted Lago.
“Esse mapa representa o esforço conjunto da equipe do Itaqui e dos parceiros que vêm investindo no fortalecimento dessa cadeia tão importante. E aqui cabe destacar a competência das empresas que atuam na logística dos grãos”, completou.
De acordo com o estudo, as exportações de soja e milho pelos portos do Arco Norte totalizaram 42,3 milhões de toneladas em 2020, um aumento de 487,5% em relação a 2009, quando foi realizado o levantamento anterior.
A produção de grãos das regiões Norte e Nordeste e parte do Centro-Oeste, cresceu 92,6 milhões de toneladas de 2009 para 2020, uma alta de 165,3%. Se tomarmos por base a produção em todo o país, a variação é de 119,4 milhões de toneladas produzidas (+110,5%) e 89,3 milhões de toneladas exportadas (+205,7%).
Segundo a assessora técnica da Comissão Nacional de Logística e Infraestrutura da CNA, Elisangela Pereira Lopes, o crescimento da produção de grãos em novas fronteiras agrícolas foi de 8,4 milhões de toneladas por ano, enquanto que o da exportação foi de 3,2 milhões de toneladas ao ano.
“É como se a cada ano fosse criada a necessidade de implantar um terminal com capacidade de 5 milhões de toneladas para atender o desempenho da produção de soja e milho, cada vez mais recorde dos estados do Mato Grosso, Pará, Maranhão, Tocantins e Bahia”, disse.
O estudo da Confederação revela ainda que a produção de soja e milho abaixo nas regiões Sul e Sudeste e parte do Centro-Oeste teve alta de 51,5%, um total de 26,8 milhões de toneladas de 2009 a 2020. Já os embarques pelos portos das regiões Sul e Sudeste aumentaram 149,7%, total de 54,2 milhões de toneladas.
“O crescimento das exportações nesses portos foi resultado de investimentos em ampliação, modernização e equipamentos; novos arrendamentos de terminais de grãos; medidas para melhorar a operacionalização (agendamento de caminhões); dragagem para aumentar profundidade dos canais e acesso aos píeres e melhoria dos acessos terrestres (rodovias e ferrovias)”, destacou a assessora.
As últimas projeções do Departamento Agrícola Americano (USDA) apontam que até 2030 o Brasil aumentará as suas exportações de grãos em mais de 36% e a capacidade de embarque dos portos e terminais movimentadores de grãos, naturalmente, também precisará de expansão, assim como a infraestrutura de transporte terrestre, com mais estradas e ferrovias.
“O Porto do Itaqui se prepara para esse cenário de crescimento e, com a inauguração da 2ª fase do TEGRAM em 2020, aumentou a sua capacidade anual de exportação de grãos para 20 milhões de toneladas. Considerando a movimentação acima das 12 milhões de toneladas de cargas no ano passado e um volume consideravelmente maior agora em 2021 – baseado nos resultados do primeiro quadrimestre –, temos muito clara a ideia de que a infraestrutura deve estar sempre à frente da movimentação”, disse Ted Lago.
Cenário 2020
No ano passado o Brasil produziu 227,4 milhões de toneladas de soja e milho, sendo as regiões acima do Paralelo 16 responsáveis por 148,6 milhões de toneladas ou 65,3% desse total. Já a produção de grãos abaixo do Paralelo 16 foi de 78,8 milhões de toneladas (34,7%), segundo os dados da CNA.
Com relação às exportações, em 2020 o país embarcou cerca de 133 milhões de toneladas de soja e milho. Os portos do Arco Norte responderam por 31,9% ou 42,3 milhões de toneladas desse total e os da região Sul e Sudeste por 68,1% ou 90,4 milhões de toneladas.
Os portos que mais embarcaram grãos em 2020 foram Santos com 42,2 milhões de toneladas (31,8%), Paranaguá/Antonina com 22,5 milhões de toneladas (16,9%) e Rio Grande com 12,1 milhões/ton (9,1%), nas regiões Sul e Sudeste. No Arco Norte foram o Sistema Belém/Guajará com 13,7 milhões/ton (10,3%) e São Luís/Itaqui/PDM com 12,1 milhões/ton (9,1%).
A CNA lançou nessa semana um mapa que retrata a logística nos corredores internos de exportação de soja e milho em 2020 e traz a infraestrutura utilizada para o escoamento da produção pelos modos de transportes rodoviário, ferroviário e aquaviário.
Além disso, apresenta e compara a movimentação de soja e milho nos portos públicos e terminais privados, alertando para a necessidade de ações que ampliem a oferta de serviços portuários no Brasil.
O mapa contém, ainda, infográficos com informações sobre a matriz de transporte brasileira, a movimentação de produtos pelas ferrovias, o uso dos rios nos transportes de cargas e o potencial de expansão, bem como comparativos entre a infraestrutura brasileira e os principais concorrentes no exterior.